- Semana passada, a
‘puliça’ deu uma carreira atrás ‘deu’. - Por quê? Perguntou, um dos colegas. – Ué, tava fazendo coisa errada! Respondeu.
- ‘Onte’, fulano e
beltrano de tal ‘dero’ uma brigada que quase se ‘mata’. Outro disse.
- Maconha, nunca
fumei não, mas já ‘cherei’ “farinha”. O ‘caba’ fica doido; ‘num’ tem medo de
nada!
Tudo isso dito com
uma naturalidade capaz de impressionar...
Ao sair do recinto
(estarrecido), deparei-me com três adolescentes, mais ou menos, entre doze e
treze anos de idade. Acreditem! Eram os autores da conversa acima descrita. O
mais preocupante talvez, é que isso não ocorrera em nenhuma capital do País.
Fora em minha pequena cidade interiorana.
Refletindo sobre os
comportamentos sociais hoje em dia, fiz a mim mesmo algumas indagações. Por que
e de onde vem tanta violência? Seria irresponsabilidade dos pais? Incompetência
das escolas? Seria indiferença da sociedade? Má influencia das mídias? Seria
culpa dos governos? Da justiça?
É preciso dizer que
violência sempre houve, desde os mais remotos tempos, em todas as sociedades.
Embora não se justificasse, naquelas épocas, as formas de violência eram, talvez,
menores e se explicavam porque estavam relacionadas a alguma razão de ser: fosse
religiosa, cultural, econômica, política. O que vemos atualmente na sociedade
brasileira, entretanto, é a violência pela violência, isto é, violência
banalizada – manifestada nas esquinas; nas escolas; nos lares; na cidade; no
campo... Violência todo dia, em todo lugar.
Não seria coerente
imputar esta responsabilidade a poucos ou a um ente apenas, notadamente porque
é um fenômeno complexo e está condicionado a uma serie de fatores. Nesse
sentido, refiro-me às mídias (TV, internet, rádio, músicas) e ao que denomino aqui
de negligência familiar, como sendo
os fatores mais sobressalentes no delineamento do fenômeno da violência social
em nossos dias. Penso serem estes, em grande
parte, os responsáveis pela indução e
permissão de comportamentos distorcidos e perniciosos, causadores da
lástima com a qual convivemos.
Ora, a assimilação e
a reprodução de tais comportamentos, sobretudo, por adolescentes e jovens, se
traduzem no uso de drogas, na intolerância, no desrespeito aos direitos
humanos, no agravamento da discriminação, do preconceito, da fome – material e
intelectual - e, portanto, é “lenha” altamente inflamável na “fogueira” mórbida
das misérias.
Uma saída? EDUCAÇÃO.
Educação para a vida toda, diria o educador Paulo Freire. O problema é que justamente
a TV, a internet, as músicas, as modas “da hora”, têm muito mais espaço; muito
mais “moral” do que qualquer fator de natureza educativa. Por outro lado, a
família, invés de significar, de fato, um elemento fundamental na formação de
seus tutelados, ao contrário, muitas vezes, se insere no conjunto da mesma
problemática, desvirtuando, assim, o seu papel de agente formador.
E o ser humano - que
já não se faz tão humano assim - está, aos poucos, sendo “abrutalhado” por um
processo quase sem volta de manipulação
da mentalidade social, mediante a ação maquiavelicamente arquitetada pelos
ditos “mais inteligentes” e negligenciadamente permitida por aqueles que devem
ser os “educadores da sociedade”.
Professor / Poeta / Radialista