Este mês, no dia 12, a Prefeitura de Almino Afonso-RN assinou a Ordem de Serviço para aquisição de novos instrumentos musicais da Banda de Música “Cleto Nunes”. O investimento de 100 mil reais, uma emenda do deputado estadual Dr. Bernardo Amorim (PSDB) representa um passo importante para o resgate de uma tradição cultural que é orgulho da cidade.
Mas é preciso dizer: infelizmente, essa tradição nunca teve continuidade garantida. Ao longo dos anos, a banda de música foi várias vezes desativada, seja por descuido, seja pela falta de compromisso das gestões passadas. Muitos instrumentos que chegaram em outros tempos simplesmente desapareceram, desperdiçando recursos e apagando capítulos valiosos da nossa memória coletiva.
Essa realidade contrasta com a própria origem da tradição musical de Almino Afonso-RN. Ainda quando o município era apenas um povoado, surgiu a primeira banda de música (foto acima), formada por um grupo eclético de cidadãos que, apesar das dificuldades, acreditavam na força transformadora da arte. Ali estavam, dentre outros, agricultores, comerciantes e jovens aprendizes, todos reunidos em torno da música. A diversidade de faixas etárias também chamava atenção, pois havia ali também crianças.
Naquela época, montar uma banda de música era um desafio muito maior do que hoje, pois faltavam recursos financeiros, o transporte era limitado e os instrumentos eram raros e caros. Mesmo assim, a persistência e o amor à música permitiram que aquela primeira formação se consolidasse, tornando-se símbolo da identidade cultural do povo alminoafonense.
É justamente por essa herança que não podemos aceitar que a história da Banda “Cleto Nunes” continue sendo marcada por interrupções e retrocessos. Com novos investimentos e a responsabilidade assumida pelo futuro maestro José Hérikson (Ecinho), formado em música - que, inclusive, tem laços familiares com Joaquim Vitorino, um dos pioneiros -, a expectativa da comunidade é que a banda finalmente ganhe a continuidade que sempre foi interrompida pelos descasos das gestões do município.
A música é patrimônio, é formação cidadã, é identidade cultural. Deixar uma banda morrer é também negligenciar a memória e o futuro da cidade. Que esta nova fase seja diferente: sem abandono, sem descaso. Que a Banda de Música “Cleto Nunes” floresça de forma permanente, honrando os pioneiros que, em tempos tão árduos, mostraram que a cultura é capaz de unir gerações e transformar vidas.
