sábado, 2 de agosto de 2025

Às vésperas da COP 30, a prefeita de Almino Afonso-RN decide pavimentar com pedras, concreto e tinta os canteiros em frente ao Mercado Público Central

Enquanto o mundo se prepara para discutir o futuro do planeta na COP 30, marcada para novembro de 2025 em Belém do Pará, a cidade de Almino Afonso-RN, no sertão nordestino, dá um passo atrás em direção à sustentabilidade. Em vez de promover políticas públicas que protejam e ampliem a cobertura vegetal, a Prefeitura Municipal decidiu, em vez de plantar árvores, colocar nos canteiros (fotos) da rua Antônio Joaquim, no centro da cidade, pedras, concreto e tinta.

 
 

O contraste entre o discurso global e a prática local não poderia ser mais gritante. A COP 30 - a Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas da ONU - será a primeira realizada na Amazônia, um dos biomas mais importantes do mundo e símbolo da luta contra a crise climática. Lá, líderes globais debaterão o aumento da temperatura da Terra, o avanço do desmatamento e o papel das cidades no combate às emissões de carbono.

Enquanto isso, em Almino Afonso-RN, onde o calor escaldante castiga a população diariamente, árvores que garantem sombra e um microclima mais ameno estão sendo ignoradas por “embelezamentos” artificiais. O que motiva esse tipo de intervenção? Desconhecimento, descaso ou conveniência econômica? Seja qual for a resposta, a consequência é a mesma, ou seja, a perda de qualidade de vida para a população.

É cientificamente comprovado que a presença de árvores nas áreas urbanas reduz a temperatura ambiente, melhora a qualidade do ar, diminui o estresse térmico e contribui para o bem-estar geral. No sertão potiguar, onde os termômetros frequentemente ultrapassam os 35 °C, a sombra de uma árvore não é luxo, é necessidade vital.

Infelizmente, o que se vê nesses canteiros é uma paisagem cada vez mais cinzenta, onde o verde dá lugar ao inócuo colorido de pedras pintadas - como se isso pudesse substituir o valor ecológico de uma árvore viva.

Mais preocupante ainda é a reação de aplauso de parte da população e das próprias autoridades, incluindo a chefe do executivo municipal, diante dessas ações. Isso revela a ausência de uma consciência ambiental estruturada, algo fundamental para qualquer gestor público do século XXI.

Com a proximidade da COP 30, essa contradição se torna ainda mais evidente. Como esperar que o Brasil lidere o debate climático no cenário internacional se, nas pequenas cidades, como Almino Afonso-RN, o poder público contribui com o empobrecimento ecológico?

É hora de refletir e reagir. A comunidade local, ambientalistas, professores, jovens e todos os que compreendem a gravidade da crise climática precisam se posicionar. Trocar árvores por cimento é um ato de um modelo de cidade ultrapassado, que ignora o futuro.