terça-feira, 23 de julho de 2019

POLÍTICA DE CORONÉ SOB PROVA

Coluna César Santos - 23 de julho

Dr. Bernardo Amorim cumpre primeiro mandato na Assembleia Legislativa do RN

O deputado estadual de primeiro mandato Dr. Bernardo Amorim poderá voltar ao MDB dos Alves, sigla que ele abrigou em tempos recentes.

O parlamentar recebeu o convite para voltar, feito pelo presidente estadual da sigla, ex-senador Garibaldi Filho, e reafirmado pelo deputado federal Walter Alves.

Filiado ao Avante, Dr. Bernardo pediu um tempo para pensar, além, claro, de dizer que se sentia honrado pelo convite.

O tempo para pensar é de simples entendimento. Bernardo terá que fazer escolhas e, claro, exigências.

Uma das escolhas, a mais difícil, é descer a rampa da Governadoria para subir os degraus do verde bacurau. Se assim o fizer, perderá as regalias dadas pela governadora Fátima Bezerra (PT), em pontos estratégicos, como nas cidades de Caraúbas e Areia Branca, mas ganhará a força política dos Alves para embates eleitorais futuros.

Dr. Bernardo é um frequentador assíduo da Governadoria, sempre com um pedido a fazer em “nome do povo”, como o parlamentar costuma dizer. E a governadora Fátima tem atendido.

Já a exigência é de cunho político/pessoal. Para voltar ao MDB, Bernardo deve exigir o controle da sigla em sua principal base eleitoral, Almino Afonso, onde foi prefeito e sempre elegeu os sucessores, como o sobrinho Lawrence Amorim (Solidariedade) e o irmão Waldênio Amorim (MDB), atual prefeito.

Ocorre que Bernardo e Waldênio deixaram de frequentar o mesmo ambiente, e não dividem mais o mesmo projeto político. Inclusive, o deputado anunciou que não apoia a reeleição do prefeito-irmão por nenhuma hipótese.

Uma resposta aos ataques que ele vem sofrendo, segundo o próprio, patrocinados pela primeira-dama municipal, conhecida por “Maninha”. Recentemente, a cunhada acusou o deputado de falsificar documentos em detrimento do Hospital-Maternidade de Almino Afonso, com direito a bate-boca no plenário da Câmara Municipal. Bernardo rebateu, mas Maninha afirmou que tem como provar essa e outras acusações não menos graves.

O fato é que se Bernardo voltar para o MDB será para comandar o partido em Almino Afonso e, por consequência, impedir que a sigla tenha o irmão prefeito Waldênio como candidato à reeleição em 2020. O deputado apoiará uma filha, a médica Jéssica Amorim à sucessão municipal, seja pelo MDB ou não.

Waldênio e Maninha, na outra ponta da tradicional família Abel, hoje dividida e terceirizada, não ficarão de braços cruzados observando o adversário Bernardo surfar na onda verde emedebista.

Vai ter troco. E quem conhece o jeito explosivo de fazer política da primeira-dama, sabe que o deputado estadual terá dores de cabeça nos dias próximos.

Essa é a primeira vez, na história, que a família Abel, uma das poucas estruturas do coronelismo que sobrevive na política oestana, se divide em briga interna, com quase todas as portas fechadas.

O sangue perece diante do desejo de poder.

Defato.com - Blog do César Santos