Sob Jair Bolsonaro, o governo fez uma opção preferencial pelo hábito de impor limites ao lamentável hábito dos repórteres de desejar informação. A Folha pediu acesso aos estudos e pareceres técnicos que fundamentaram a proposta de reforma da Previdência. E o Ministério da Economia negou-se a exibir os documentos. Alegou que "foram classificados com nível de acesso restrito." Por quê? "Por se tratarem de documentos preparatórios."
Além dos repórteres, também os congressistas se queixam do déficit de transparência do governo. Isso é uma evidência de que há males que vêm para pior. Em janeiro, primeiro mês do novo governo, o Planalto editou um decreto para restringir o alcance da Lei de Acesso à Informação. O Congresso derrubou a medida. Agora, mesmo com a lei em pleno vigor, o governo transforma transparência em ameaça.
A coisa é tão esdrúxula que convém repetir: o governo enviou ao Congresso uma proposta de emenda constitucional que mexe na aposentadoria de meio mundo. E trata como sigiloso o papelório que expõe os critérios adotados para impor os sacrifícios. Mal comparando, é como obrigar o doente a tomar um remédio amargo às cegas, proibindo-o de ler na bula a lista de efeitos colaterais. Um acinte.
Blog do Josias - Josias de Souza