A popularidade de Jair Bolsonaro passa por um processo muito parecido com uma hemorragia. Em janeiro, 49% dos brasileiros consideravam a gestão do capitão ótima ou boa. Em pesquisa concluída pelo Ibope em 19 de março, a taxa de aprovação do presidente despencou para 34%. Um tombo de 15 pontos percentuais. No alvorecer do mandato de Bolsonaro, 62% dos patrícios diziam confiar no presidente. Decorridos menos de três meses de governo, apenas 49% continuam confiando no capitão - queda de 13 pontos percentuais. A taxa de desconfiança saltou 14 pontos, de 30% para 44%.
Comparando-se o desempenho de Bolsonaro com o de outros presidentes eleitos, ele conseguiu atingir um feito histórico. Amealhou o pior índice de aprovação na largada do primeiro mandato. Seus 34% ficam abaixo dos índices amealhados em março do ano inaugural por Dilma, Lula, FHC e Collor. A boa notícia é que o governo está apenas começando. A má notícia é que, tomado por sua capacidade de produzir crises do nada, Bolsonaro não oferece aos brasileiros motivos para avaliá-lo de forma positiva.
Bolsonaro sangrou sua própria popularidade sozinho, sem o auxílio da oposição. Contou apenas com a parceria doméstica dos filhos. Em menos de três meses, a família Bolsonaro foi encostada no noticiário sobre as milícias do Rio de Janeiro e estrelou as manchetes sobre o escândalo da movimentação bancária suspeita do amigo Fabrício Queiroz e do ex-chefe Flávio Bolsonaro. Descobriu-se que o PSL, partido do presidente é um laranjal. E soube-se que Bolsonaro tem um grau de tolerância elástico com ministro suspeito.
Deve-se a queda na popularidade também à perda do encantamento com as mágicas prometidas durante a campanha. A reforma da Previdência arrasta o governo para o balcão, as ruas continuam inseguras e o desemprego permanece nas nuvens. Na eleição, Bolsonaro passava a impressão de que tiraria coelhos da cartola. Se quiser interromper a hemorragia terá que aperfeiçoar a mágica, tirando cartolas de dentro do coelho.
Blog do Josias - Josias de Souza