sábado, 23 de março de 2019

Indústria que mais cresce no Rio é a do escárnio


O segredo para quem insiste em acompanhar o noticiário sobre a degradação política do Rio de Janeiro é manter sempre à mão, como um metafórico comprimido de Isordil, uma dose de ceticismo. Quando se imagina que a situação já ultrapassou a fronteira do inacreditável, injeta-se mais avacalhação dentro do escândalo. A Assembleia Legislativa do Rio conseguiu produzir dois escárnios em 24 horas.

Na quinta-feira, a Mesa Diretora da ALERJ deu posse a cinco deputados estaduais que estão presos, acusados de corrupção. Quatro dos empossados assinaram o termo nas dependências da penitenciária de Bangu 8. Na sexta, saiu no Diário Oficial do Estado o segundo despautério: criou-se uma espécie de "Bolsa-Qualquer-Coisa". 

Além do salário de R$ 25,3 mil, a Mesa Diretora deliberou que cada deputado estadual receberá R$ 26,8 mil por mês. O dinheiro pode ser aplicado na compra de passagens aéreas, aluguel de carros, gasolina, internet, material de escritório, aluguel de imóveis, IPTU, o diabo. 

Presidida por André Ceciliano (PT), a Mesa da ALERJ apelidou o novo benefício de "descentralização orçamentária de custeio individualizado de gabinete parlamentar." Trata-se de um eufemismo para assalto. Consolida-se a impressão de que o empreendimento que mais cresce no Rio de Janeiro é a indústria do escárnio.

Blog do Josias  -  Josias de Souza