![Resultado de imagem para brasil dividido](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh10idNF1nWTWLzA7O4O39vm3VsbnhkBQJmM5_NaJ-ru8zrRJDGhz3R6qnBnR-yirxzS0zrvdRaxRa9sPmVl1wS3rpgSPWOAKQ9VuceKA_OnxS7JJjs1nO-2u7nIz_m-wvDsEpMSwtXNL4/s400/brasil+rachado+-+domingo+-+19.jpg)
Há dois Bolsonaros na praça. Um exibe nas redes sociais a retórica crispada do candidato em fim de campanha, preocupado em manter apoiadores mobilizados. Outro ensaia em reuniões reservadas o timbre moderado de um favorito a virar presidente no domingo. Esse Bolsonaro que se equipa entre quatro paredes para governar começa a ficar bem diferente do Bolsonaro do palanque eletrônico.
À medida que vai farejando a perspectiva de vitória, é natural que um candidato aproxime sua retórica da realidade. No tudo-ou-nada da campanha, os programas de governo tornam-se aguados. E as promessas ajustam-se mais àquilo que o eleitor deseja ouvir do que à viabilidade da consecução do que é prometido.
Confirmando-se os prognósticos de vitória, o risco que um candidato tido como mitológico corre é o de ficar irreconhecível. O ministério ultra-enxuto de Bolsonaro começou a esticar. O Meio Ambiente não será mais fundido à Agricultura. A pasta da Indústria e Comércio não será incorporada à Fazenda. O governo Temer já não é de todo ruim. Integrantes da equipe econômica podem ser aproveitados. O time de ministros especialistas pode ter um ou outro político derrotado nas urnas. Bolsonaro começa a virar ex-Bolsonaro antes mesmo de se tornar presidente.
Josias de Souza