Senador Aécio Neves
Se Deus tiver de aparecer para um parlamentar em conflito com a moralidade, Ele não se atreverá a surgir de outra forma que não seja a de um processo com tramitação na Segunda Turma, o Jardim do Éden do Supremo. Aécio Neves estava no Paraíso. Quis dar uma de esperto. E despencou na Primeira Turma, a Câmara de Gás da Suprema Corte. Convertido em réu pela primeira vez, Aécio experimenta uma sensação de asfixia com a qual não estava acostumado.
Aécio pediu e recebeu de Joesley Batista, da JBS, R$ 2 milhões em verbas de má origem. Seu processo subiu para o Éden. Foi à mesa de Edson Fachin, um ministro que serve aos encrencados o pão que o Tinhoso amassou. Assustado, Aécio autorizou seus advogados a requisitarem a troca do relator do seu processo. Mas a esperteza saiu pela culatra.
Para fugir de Edson Fachin, o rigoroso relator do petrolão, Aécio alegou que o processo sobre o capilé da JBS não tinha relação com a Lava Jato. Por sorteio, o processo foi à mesa de Marco Aurélio, ministro da outra turma. Aécio e seus advogados não levaram em conta que Fachin é minoritário na Segunda Turma. Ali, não estava descartada a hipótese de que o senador fosse brindado com um arquivamento da denúncia por 3 votos a 2.
Na Primeira Turma, amargou derrotas de 5 a zero na acusação corrupção passiva e 4 a 1 na de obstrução de Justiça. O novo réu não pode se queixar da má sorte. Aécio escolheu seu próprio caminho para a Câmara de Gás. É a sorte ajudando o Brasil.
Josias de Souza