O “distritão” vai beneficiar os políticos mais conhecidos do grande público, notadamente os que já têm mandatos, e os que têm maior estrutura de palanque – leia-se dinheiro. Opinião quase unânime entre os analistas da reforma política. Baseado nisso, sugere-se que em 2018 a renovação no Congresso Nacional e nas assembleias legislativas será mínima.
Será?
Há um ponto que não pode ser desconsiderado: a insatisfação do cidadão-eleitor com os atuais ocupantes de cargos eletivos. Pesquisa publicada pelo jornal Estado de S. Paulo aponta que 96% dos brasileiros não se sentem representados por aqueles que foram eleitos em 2014. Por consequência, não repetiria o voto. O índice de rejeição é aterrador, nunca antes verificado na história política deste País. Logo, levanta-se a hipótese de a nação experimentar o novo, oferecer a oportunidade para quem está chegando agora, limpo, sem vícios, sem histórico de corrupção, e com vontade de estabelecer uma nova pauta política.
O “distritão” surge exatamente para contrapor esse sentimento, ou atenuar o desejo de mudança. Entende-se que mais conhecido do eleitor, com bases eleitorais fincadas nos grotões, os políticos com mandato levarão ampla vantagem sobre os novatos, a ponto de enfraquecer o sentimento de mudança. Seria uma espécie de: se não tem outro, vai com esse mesmo. E com a overdose de estrutura financeira, a reeleição se tornaria mais palpável.
Lawrence Amorim (ex-PMDB)
Puxando o debate para as eleições no Rio Grande do Norte, o “distritão” talvez não tenha tanta importância, ou peso, diante da escassez de opções no ambiente político-eleitoral. Para a Câmara dos Deputados, por exemplo, apenas um nome novo surgiu até o momento, o do ex-prefeito de Almino Afonso, pequeno município da região Oeste, Lawrence Carlos (Solidariedade).
Outro que está em campanha é João Maia (PR), mas ele é um velho conhecido da política tradicional, já foi deputado de dois mandatos na própria Câmara e vai às ruas em 2018 para substituir a irmã Zenaide Maia (PR), que trocará a Câmara para tentar um mandato no Senado Federal.
O cenário se repete em relação à Assembleia Legislativa. Até o momento, não apresenta novidades. Tirando o construtor Jorge da Repav (PR), que anunciou que será candidato a deputado estadual, nenhum outro possível postulante se tornou público.
É claro que um ou outro deve surgir mais adiante, porém, sem musculatura, ou projeto bem definido para estabelecer alguma confiança do eleitor. Desse modo, a disputa em terra potiguar caminha para repetir os "chapões", sem efeito prático do "distritão".
Jornal de Fato - César Santos
