Exames e internações rendem privilégios; para especialistas, prática pode pôr pacientes em risco e elevar o custo da saúde.
Hospitais privados do país adotam programas de benefícios que, entre outros critérios, premiam médicos pelo volume de exames, cirurgias e internações que realizam, informa Cláudia Collucci. O número de procedimentos ê proporcional ao de pontos em avaliação. Quem soma mais ganha reputação dentro do hospital e privilégios.
Há presentes, descontos em exames para o médico e seus familiares e prioridade no uso do centro cirúrgico. A Folha conversou, sob condição de anonimato, com 12 profissionais da área de quatro Estados. “Tem médico que segura paciente internado sem necessidade só para gerar mais diária hospitalar”, relata um deles em SP.
Hospitais são remunerados pela quantidade de serviços que prestam, não pela qualidade da assistência.
A prática, questionada por especialistas em ética e gestão, pode resultar em procedimentos desnecessários e expor pacientes a riscos. Há ainda o aumento do custo da saúde —a conta vai para os planos e os usuários. (Saúde B8)
Folha de S. Paulo