sexta-feira, 17 de julho de 2015

Almino Afonso/RN: Nosso cartão postal Ou melhor, cartão mortal...


Serras da minha terra, 
Serras de pedras, monte,
Um patrimônio histórico, 
Literalmente tombados... 
É pedras, é cal, é caieiras,
É suor, é cinzas, é carvão, 
Ou simplesmente um meio,
Pela via crucis do pão. 
Quebra-se o silêncio, a paz,
Queimam-se sonhos e fantasias, 
Desarrumam a paisagem. 
Bruta sobrevivência, 
Vida apedrejada...
...fica decretado por fulano de tal,
-Artigo irracional :
Que será suprimida das ruas,
A palavra preservação. 
Que não veremos mais a noite, 
A lua beijar a face das serras.
Que não veremos mais algum dia,
O sol debruçado sobre as serras.
Que não teremos mais, 
O pedido anônimo de alguém, 
Nem o apelo inútil do poeta...
Fica decretado por Sicrano, 
-Artigo insano :
Que serão extintas as formas
Arquitetônicas das serras, 
Que as trilhas íngremes da furna,
Em breve desaparecerão. 
Que todas as estalactites, 
Em cinzas se transformarão. 
Que não haverá espaço para o eco,
Devido a ausência do grito. 
Daí, restará apenas lembranças, 
Afixadas na moldurado tempo.
Quiçá fossilizada por está poesia. 
E entre o céu e a terra, 
A fumaça será a única teoria. 
Fica enfim decretado por alguém, 
Quem sabe você, quem sabe ninguém. 
Que não restará pedras sob pedras,
Que o ser humano não terá,
Ressentimento jamais... 
Com exceção dos leigos e dos animais. 
Que nossa gente não será culpada, 
Com exceção dos loucos e dos fracos. 
Esta é a lei do nada se cria,
Tudo se transtorna...
Este poema entrará em vigor, 
A partir da data dessa publicação. 
Revogam-se as disposições contrárias, 
Pois. A serras da nossa terra, 
Encontram-se assim:
Só invasões, só fumaça saudades, 
E estopim. EXPLODE CORAÇÃO!!!!


  Poeta Lair Zomar - Lair de Miguel Silva.