Serras da minha terra,
Serras de pedras, monte,
Um patrimônio histórico,
Literalmente tombados...
É pedras, é cal, é caieiras,
É suor, é cinzas, é carvão,
Ou simplesmente um meio,
Pela via crucis do pão.
Quebra-se o silêncio, a paz,
Queimam-se sonhos e fantasias,
Desarrumam a paisagem.
Bruta sobrevivência,
Vida apedrejada...
...fica decretado por fulano de tal,
-Artigo irracional :
Que será suprimida das ruas,
A palavra preservação.
Que não veremos mais a noite,
A lua beijar a face das serras.
Que não veremos mais algum dia,
O sol debruçado sobre as serras.
Que não teremos mais,
O pedido anônimo de alguém,
Nem o apelo inútil do poeta...
Fica decretado por Sicrano,
-Artigo insano :
Que serão extintas as formas
Arquitetônicas das serras,
Que as trilhas íngremes da furna,
Em breve desaparecerão.
Que todas as estalactites,
Em cinzas se transformarão.
Que não haverá espaço para o eco,
Devido a ausência do grito.
Daí, restará apenas lembranças,
Afixadas na moldurado tempo.
Quiçá fossilizada por está poesia.
E entre o céu e a terra,
A fumaça será a única teoria.
Fica enfim decretado por alguém,
Quem sabe você, quem sabe ninguém.
Que não restará pedras sob pedras,
Que o ser humano não terá,
Ressentimento jamais...
Com exceção dos leigos e dos animais.
Que nossa gente não será culpada,
Com exceção dos loucos e dos fracos.
Esta é a lei do nada se cria,
Tudo se transtorna...
Este poema entrará em vigor,
A partir da data dessa publicação.
Revogam-se as disposições contrárias,
Pois. A serras da nossa terra,
Encontram-se assim:
Só invasões, só fumaça saudades,
E estopim. EXPLODE CORAÇÃO!!!!
Poeta Lair Zomar - Lair de Miguel Silva.