Em Almino Afonso-RN, no sertão nordestino, a vida do agricultor e do pequeno criador de gado continua sendo marcada pela luta e pela resistência diante das dificuldades provocadas pela falta de chuva. Infelizmente, essa realidade se repetiu este ano (2025), especialmente a partir dos meses de setembro e outubro.
Com o prolongamento da seca e a escassez de pastagem, muitos criadores têm sido obrigados a comprar ração para manter seus rebanhos, recorrendo a empréstimos ou comprando fiado em comércios locais. Alguns conseguem guardar certa quantidade de ração produzida no período chuvoso. Segundo relatos desses produtores, esse estoque (silagem) raramente é suficiente até o retorno do próximo inverno.
Além da falta de pasto, outro problema que tem se agravado é a escassez de água nas propriedades rurais. Muitos criadores relatam que enfrentam dificuldade até para matar a sede dos animais.
Ainda mais grave é o fato de que, segundo denúncia feita por uma moradora à direção da rádio local, as perfurações de poços destinadas por governantes para amenizar o sofrimento no campo estariam sendo utilizadas de forma política pelo poder local. De acordo com o relato, há casos em que o acesso a esses benefícios é condicionado ao apoio político e ao voto, o que transforma uma necessidade básica - a água - em instrumento de humilhação.
“A gente luta como pode. Quando o inverno é fraco, o pasto some cedo, e pra não perder os bichos a gente tem que comprar ração. É caro, e nem sempre tem dinheiro. Já cheguei a vender uns animais pra poder alimentar os outros. É um sofrimento grande, mas a gente não desiste.” Lamenta um criador do município.
Para especialistas, essa situação poderia ser amenizada com ações permanentes de acompanhamento técnico e capacitação dos produtores rurais, ajudando-os a planejar melhor o tamanho do rebanho de acordo com a capacidade de cada propriedade. A orientação sobre o manejo do solo, o armazenamento de ração e o uso de tecnologias de convivência com o semiárido são apontadas como medidas essenciais para reduzir os prejuízos e o sofrimento no campo.
Mesmo diante das dificuldades, o sertanejo alminoafonense não perde a fé nem a vontade de seguir em frente. As cavalgadas e encontros rurais continuam sendo momentos importantes de convivência, lazer e também de oração - ocasiões em que o povo do campo pede a Deus por chuvas e dias melhores.
O exemplo de resistência dos criadores de Almino Afonso-RN reflete a realidade de boa parte do sertão nordestino - um povo trabalhador, que enfrenta as adversidades com coragem e esperança, mas que precisa de maior apoio e políticas públicas sérias, voltadas para o fortalecimento da agricultura e da pecuária de pequeno porte, sem a interferência da politicagem e da troca de favores que ainda ferem a dignidade do homem e da mulher do campo.