terça-feira, 17 de março de 2015

Mais democracia e menos corrupção

A concentração das imagens na Avenida Paulista durante cerca de uma hora em que fiquei em frente à TV me deram a certeza de que não se trata de um movimento pequeno. O governo Dilma e o PT devem levar em conta o que está acontecendo. Inclusive, ouvindo as críticas internas, que não são poucas e que exigem que o governo penda cada vez mais para a esquerda, pois a direita, já se viu que não tem como agradar. Ela quer golpe, quer ditadura, quer sangue. Os ministros falaram em reforma política e combate à corrupção. Infelizmente, não contarão com os manifestantes de ontem, mas só dos da última sexta-feira, 13, contra a corrupção e pela reforma política que, se for feita de maneira correta, aprovando-se mudanças profundas, com certeza será um dos melhores caminhos para garrotear a sangria da corrupção que grassa e desgraça o País. Não contará porque há uma parcela dos manifestantes, parcela não tão grande, porém bem mais barulhenta e que por isso aparece mais, que não quer saber de democracia nem de ética. Quer ditadura e, como se sabe, em ditadura não há controle para a corrupção nem para ética, porque não existe liberdade de fiscalizar nem de denunciar, muito menos para julgar e condenar corruptos sentados no trono do poder absoluto. Como dizia Lord Acton: “O poder tende a corromper. E o poder absoluto corrompe absolutamente”. Não se viu um cartaz pedindo punição aos corruptos da Lista de Furnas, onde está Aécio Neves, nem a Operação Judas que pegou Zé Agripino, tampouco para os corruptos do Tremsalão, onde se encontram os tucanos que governam São Paulo e roubaram bilhões do metrô ao longo de 16 anos. Nenhuma frase sobre os 6.776 corruptos que esconderam bilhões e mais bilhões no HSBC na Suíça, com destaque para tucanos da época das privatizações de FHC. Inegavelmente, foi um grande movimento. Bem menor do que querem fazer parecer, mas sem sombra de dúvidas, um grande protesto. É bem verdade que é preciso entender o que tem por trás dele, quem o financia, o que moveu a maioria dos que ali estavam. Nada disto, porém, não desqualifica o movimento. O que o desqualifica é a seletividade da corrupção, como se aos tucanos e “demos” fosse dado constitucional e eticamente o direito de dilapidar os cofres públicos, é o pedido estúpido de intervenção militar e o pedido de impeachment que nem Ayres Brito, o ex-ministro do STF, de extrema direita e antipetista empedernido teve a cara de pau de defender, fazendo um pronunciamento profundamente lúcido ontem no Bom Dia Brasil.

Prosa & Verso  -   Crispiniano Neto (foto)